Arany Tunes de Souza Mello.
A relação do ser humano com as cavernas é tão longa quanto a existência do homem na terra.
Desde os primórdios, somos atraídos para o interior das cavernas: na antiguidade como forma de buscar abrigo, refúgio e proteção. Atualmente, pelo fascínio que este mundo desconhecido exerce em nós.
O historiador francês Riviere, em 1890, foi o primeiro a utilizar o termo espeleologia. A palavra é derivada do grego spelaion, que significa caverna e logos, que significa estudo.
Então poderíamos definir espeleologia como a ciência que estuda as cavernas.
Mas todos aqueles que praticam espeleologia mundo afora sabem que esta é uma definição muito limitada e, antes de enumerarmos as razões desta limitação, vamos falar um pouco de esporte, assim tudo fica mais claro.
Durante incursões numa caverna, passamos horas e horas caminhando em terreno acidentado. Suamos a camisa, literalmente. Sem falar em momentos em que é preciso nadar, escalar, utilizar técnicas alpinas para descer em abismos que posteriormente terão de ser vencidos por meios mecânicos – sim, mesmo com toda tecnologia que existe atualmente voltamos dos abismos quase como há 40 anos atrás, ou seja, fazendo força com os braços e as pernas.
Então, mesmo que o motivo final seja puramente técnico-científico (topografia, estudo climático, biologia etc), temos um gasto calórico imenso durante a atividade, muito semelhante ao que ocorre numa atividade como academia, corrida etc.
Definir a espeleologia somente como ciência também seria esquecer os exploradores, os primeiros a visitarem locais nunca antes visitados por ninguém. Isto sem falar nos “mateiros”, aquelas pessoas simples e prestativas, que de posse de um facão, abriram muitas trilhas que levavam a cavernas desconhecidas. Será que eles não estavam praticando espeleologia?
Finalizando, a espeleologia num contexto mais amplo, deve ser definida como Ciência e Esporte. Aliás, vai muito além. Quem já participou de uma expedição sabe que espeleo (para os íntimos) é uma forma de fazer novas amizades, conhecer lugares novos, explorar o desconhecido, se divertir e suar a camisa. Sempre sem se esquecer do lado científico, estudando as cavernas de maneira sistemática, como fazem os bons cientistas.