Carlos Eduardo (Caê) Martins.
Cavernas são definidas, inclusive na lei, como qualquer cavidade natural, independente de suas dimensões. São formadas pelo desgaste ou abatimento das rochas. Neste ínterim, podem capturar rios, abrigar vida e preservar vestígios de ocupações humanas por muito tempo. A morfologia subterrânea acaba por influenciar a modelagem do relevo superficial com o aparecimento de dolinas, paredões, sumidouros fontes e outros. Sendo assim, as cavernas são elementos fundamentais em uma cadeia enorme de outros processos naturais.
As cavernas são como arquivos da natureza. Ao isolar o que nela se encontra do desgaste promovido pelo tempo, previne, ou, pelo menos retarda, a destruição do material. Os depósitos de cavernas, os espeleotemas, são fonte de dados paleoclimáticos de épocas da Terra que não podem se observados em outros ambientes.
A visita a uma caverna seja para recreação ou estudo pode promover a remoção ou danos a espeleotemas importantes, compactação dos sedimentos do piso, ou mesmo entrada de microorganismos estranhos à caverna.
Por este motivo o espeleólogo ávido pelo conhecimento não deve abrir mão de um comportamento pró-ativo em relação à conservação do ambiente cavernícola buscando observar os atributos que podem valorizar a caverna do ponto de vista da sua relevância quer seja ela física, biótica e socioeconômica. Mas não devemos nos limitar a isso sob pena de a mesma cair no esquecimento e expor suas fragilidades ao destino nem sempre passivo do ser humano.
Levar a caverna ao conhecimento público através da topografia – por menos detalhada que seja em função de qualquer limitação – e do cadastro nas listagens nacionais é uma das formas mais concretas de favorecer sua a conservação, afinal, como dizia Rogerio Chrysostomo (in memoriam): “documentar é preservar”.